terça-feira, 9 de outubro de 2007

Cimento: Falta causa demissões


Situação se agrava em Mato Grosso. Escassez do produto cria alternativas que encarecem saca em até 63% e retardam obras. MARCONDES MACIEL


A falta de cimento no mercado local já está causando demissões no setor da construção civil da Grande Cuiabá. De acordo com informações do Sindicato das Indústrias da Construção do Estado (Sinduscon), algumas empresas já iniciaram seu programa de enxugamento para fazer frente à redução no ritmo das obras. “Não temos ainda um levantamento sobre o número de demissões, mas muitas empresas que tinham planos de contratar mais funcionários acabaram suspendendo as admissões. Temos informações também de que outras construtoras simplesmente decidiram fazer o corte de pessoal”, disse o presidente do Sinduscon, Luiz Carlos Richter Fernandes, apontando que o ritmo das obras no setor caiu pelo menos 20% nas últimas semanas devido à escassez de cimento no mercado, o principal insumo do segmento. Outra reclamação das empresas é em relação aos preços da matéria-prima, que continuam subindo quase que diariamente e em comparação aos valores adotados antes da crise, cerca de R$ 13,50 a saca de 50 quilos, a alta registra incremento de 63%. “Os preços hoje no mercado variam de R$ 19 a R$ 22 a saca. E podem aumentar ainda mais caso sejamos obrigados a importar de outros países”, frisa Fernandes. Segundo ele, a alta decorreu do aumento nos preços do frete do cimento que está vindo do Paraná. “Como a Votorantin não está conseguindo atender o mercado com a marca Itaú, estamos sendo obrigados a comprar o cimento em outras praças”, aponta. Ele informou que o problema da falta de cimento atinge todo o país. Em Mato Grosso a situação se agravou com a saída de algumas marcas como o Cimento Goiás (GO) e Ciplan (DF). Com isso, o Grupo Votorantim (Cimentos Itaú) passou a ficar com 80% da fatia do mercado, ficando a outra parte com a Camargo Corrêa, de Corumbá (MS), que fabrica o Cimento Cauê. Segundo levantamento do Sinduscon, o déficit de cimento em Mato Grosso é de 35%. PRODUÇÃO – Para tentar contornar a situação do abastecimento, representantes da Votorantim estiveram reunidos recentemente na Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt) com técnicos da Secretaria de Fazenda, comerciantes de materiais de construção e construtoras locais. “Eles [Votorantim] se comprometeram a aumentar a produção em 10%, adicionando um produto utilizado na industrialização de cimento para melhorar a produtividade da fábrica e, conseqüentemente, a oferta de cimento na região”, informou o presidente do Sinduscon. Outra medida seria ampliar a indústria de cimento de Nobres, 100 quilômetros ao norte de Cuiabá. Fernandes lembrou que a importação poderia ser inviável para Mato Grosso em função da logística de transporte. “Se importarmos, o cimento poderá ficar ainda mais caro”. Para ele, outra explicação para a escassez de cimento no mercado é a construção de um grande número de indústrias no Estado, como a da Sadia, em Lucas do Rio Verde – médio norte estadual - que estaria consumindo 10% de toda a produção da Votorantim. O presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac), Antônio Vicente de Arruda, confirmou a falta de cimento no mercado e disse que as lojas estão atendendo de acordo com a média de consumo dos clientes nos últimos meses. Arruda acredita que a situação irá se normalizar somente no final do ano, quando o ritmo das obras diminuírem por causa das chuvas.

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