sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Construtoras propõem criação de ‘bolsa família’ da habitação

São Paulo - O setor da construção civil apresentou ao governo um projeto para estimular a construção e financiamento de moradias populares e zerar o déficit brasileiro, de 7,9 milhões de habitações, em 12 anos. Espécie de “bolsa família” da habitação, o modelo propõe financiamento com subsídios para famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos (R$1.750), que estão à margem da expansão imobiliária em andamento no país. Elaborada pela FGV Projetos, a pedido do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), a proposta já foi apresentada em Brasília.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, demonstrou interesse. “Ele me procurou e pediu mais informações”, conta João Cláudio Robusti, presidente do Sinduscon-SP. De acordo com Robusti, a idéia é construir casas de R$35 mil, que comprometam no máximo 25% do orçamento das famílias que ganham até cinco salários mínimos. Hoje, as chamadas moradias populares custam entre R$50 mil e R$70 mil. “São valores impensáveis para a maioria das famílias brasileiras que não têm casa”.
Segundo a FGV Projetos, 92% do déficit habitacional brasileiro está concentrado nas famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos. A maioria dessas famílias (81,2%) vive nas cidades. O déficit de 7,9 milhões de moradias corresponde a 21% da população do país. Só no estado de São Paulo, mais de 1,5 milhão de famílias coabitam ou moram em condições inadequadas.
“A solução depende de o governo colocar a moradia como prioridade zero e fazer tipo uma bolsa família da habitação”, diz Robusti. A proposta da FGV e do Sinduscon-SP é baseada no modelo adotado no México, cujas características principais são o foco de recursos para produção em larga escala, desburocratização do crédito para construtoras e compradores, além do fortalecimento do mercado de hipotecas. Há três anos, quando o programa começou, o déficit mexicano era de 6,5 milhões de moradias. Hoje, falta apenas a metade, que deve ser zerada nos próximos três anos.
Pelo projeto, seriam necessários R$270 bilhões para eliminar o déficit habitacional brasileiro em 12 anos. Desse total, 20% viriam de poupança prévia das famílias, 40% seriam financiados e outros 40% teriam origem em subsídios de fundos governamentais. “Hoje, o governo já destina R$4 bilhões de subsídios para habitação de interesse social, mas é preciso racionalizar a concessão, para que mais famílias possam usufruí-lo”, afirmou Robusti. (AE)

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