quinta-feira, 27 de março de 2008

Construção civil sofre com falta de mão-de-obra

A indústria da construção civil em Campo Grande sofre com déficit de 5 mil trabalhadores. O número é estimado pelo presidente do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de Campo Grande), Samuel da Silva Freitas. De acordo com o sindicalista, a fuga para a informalidade e a falta de mão-de-obra qualificada são as causas do problema.
Freitas baseia sua estimativa no volume de empresas que procuram o sindicato em busca de trabalhadores. “Apenas uma empresa de Campo Grande precisa com urgência de mais de 300 profissionais”, informa.
O sindicalista explica que a falta de trabalhadores para suprir a demanda do mercado formal da construção civil tem duas razões: os baixos salários, que estimulam a corrida para a informalidade, e o despreparado de trabalhadores.
Conforme Freitas, os salários médios pagos pelas empresas é muito inferior ao rendimento mediano dos trabalhadores que estão na informalidade. “Um oficial ( profissional do setor, que não trabalha como servente) ganha, como autônomo, cerca de R$ 250 por semana. E as empresas pagam R$ 550 por mês”, compara. Neste caso, a renda oriunda da informalidade é 80% maior que a do mercado formal.
Além de menores que os adquiridos na informalidade, os salários pagos pelas empresas de construção civil estão defasados, conforme Freitas. Segundo ele, o piso salarial do servente de pedreiro em Campo Grande é de R$ 400. “É um valor menor que o do salário mínimo”, lembra.
Outro dado indica a defasagem salarial no setor. De acordo com Freitas, em 1995, o ganho salarial do oficial da construção civil correspondia a 2,2 salários mínimos. Para acompanhar esse patamar, o provento atual deveria ser de R$ 836. Ou seja, o salário de R$ 550, pago pelas empresas, é 52% inferior ao que deveria estar recebendo o oficial. Para fugir dos baixos salários, os trabalhadores campo-grandenses estão também migrando para o interior. Conforme o sindicalista, o destino mais procurado é a cidade de Três Lagoas, onde o salário médio do setor é de R$ 850.

Capacitação e salários atrativos
O presidente do Sintracom acredita que o problema possa ser resolvido com investimentos governamentais em cursos de capacitação e com o aumento salarial.
O sindicato está negociando reajuste salarial de 20% sobre os atuais R$ 400 (pagos a servente) e R$ 550 (salários dos oficiais). A primeira mesa de negociações ocorreu ontem e terminou sem acordo. “Em meados da próxima semana, estaremos nos reunindo para uma nova rodada de negociações”, conta.

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