segunda-feira, 10 de março de 2008

Indústria da construção espera crescer 6% este ano

Impulsionado pelo forte aquecimento imobiliário e pelos investimentos previstos em engenharia pesada, a indústria da construção no Brasil aposta em um crescimento de cerca de 6% no PIB do setor para 2008. A previsão é de incremento ainda maior que o de 2007, quando a indústria da construção estima ter alcançado índice de 5% – dado que será confirmado na próxima quarta-feira, quando o governo federal anunciará o PIB brasileiro do ano passado.
Responsável por cerca de 30% do faturamento do setor, o segmento imobiliário é apontado como a vedete desse aquecimento. De acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Sáfady Simão, os bons ventos que sopram no setor começaram a ser sentidos a partir de meados de 2004, quando foi sancionada a Lei Federal nº 10.931, que estabeleceu regras para os negócios de incorporação imobiliária. “Essa lei estabeleceu regras claras e transparentes, dando mais segurança jurídica a essas transações”, avalia Simão.
Somando-se ao marco regulatório, outros elementos ingressaram fortemente nessa equação. Um deles, a disponibilidade de crédito habitacional. Dados constantes em documento do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), mostram que a indústria, entre janeiro e novembro de 2007, foi contemplada com financiamento, com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), da ordem de R$ 8,3 bilhões. Para a aquisição de imóveis novos ou usados, a disponibilidade de financiamento alcançou R$ 8 bilhões, no mesmo período.

CRESCIMENTO – De acordo com Simão, no total, esses valores oriundos do SBPE para o financiamento habitacional chegaram a R$ 18,5 bilhões, em 2007, e devem atingir R$ 25 bilhões em 2008. Quadro completamente diferente de 2003, por exemplo, quando esses valores não passaram R$ 2,2 bilhões.
Outros dados que mostram esta expansão do acesso ao crédito vêm de relatórios do Banco Central. Os números mostram que o volume de financiamentos imobiliários concedidos para compra de imóveis residenciais novos, pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), cresceu 22,9% em janeiro de 2008, quando totalizou R$ 107,8 milhões, comparativamente a janeiro de 2007 (R$ 87,7 milhões). No total, esse tipo específico de crédito somou R$ 865,3 milhões no ano passado ante R$ 471,8 milhões de 2006 – incremento de 83,4% no volume de financiamentos concedidos.
“As prestações estão mais acessíveis à população em geral”, afirma Vicente Mattos, presidente do Sindicato da Construção Civil da Bahia (Sinduscon-Ba), lembrando que a situação tornou-se mais favorável com o alongamento de prazo de pagamento, que podem ser de 20 ou 25 anos, e os juros mais baixos.
Vicente Mattos destaca outros fatores que influenciaram o aquecimento do setor, como a melhoria da renda do brasileiro, o déficit habitacional e a estabilidade econômica do País. Ele também cita a injeção de recursos a partir da abertura de capital de algumas grandes construtoras brasileiras.
“Com esse dinheiro, as empresas passaram a comprar terrenos em todo o Brasil”, conta. Ou seja, ganharam fôlego para grandes investimentos. Estima-se que em 2006 empresas do setor tenham captado quase R$ 6 bilhões com a venda de ações. No ano passado, o mesmo processo rendeu mais R$ 13 bilhões.

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