segunda-feira, 23 de junho de 2008

FGV: alta de 2,84% na construção puxa avanço do IGP-M

A alta de preços na construção civil, medida pelo Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), de 0,82% para 2,84%, foi a principal responsável pela taxa maior da segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho, que subiu para 1,83%, ante 1,54% em igual prévia do IGP-M em maio. De acordo com o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o INCC foi responsável por praticamente dois terços da aceleração da segunda prévia do IGP-M.

Ele observou que, em termos de peso, o setor da construção civil é o de menor participação no resultado total do IGP-M, com apenas 10% do total do índice. Mas o avanço de preços no setor foi tão intenso que acabou por contribuir mais do que o atacado e o varejo na formação do índice - que representam 60% e 30% do total do IGP-M, respectivamente. "A taxa de elevação de preços do atacado ficou praticamente parada (de 2,02% para 2,05%). Foi o avanço de preços da construção civil que contribuiu mais", disse, reiterando que esse patamar de elevação de preços do INCC, de 2,84%, foi o maior desde junho de 1995, quando houve aumento de 8,23%.

Demanda aquecida

O economista observou que o cenário de inflação pressionada na construção civil não é novidade. O atual aquecimento da demanda no mercado interno tem puxado para cima os preços do setor há algum tempo. Na prática, os preços da construção têm sentido mais o impacto de repasses de elevações de preços no atacado do que a inflação do varejo. Isso porque, além da forte demanda no mercado interno, esse setor também já experimentava uma espécie de "boom" desde 2007, quando o número de empreendimentos aumentou, de forma expressiva. Com a demanda interna aquecida esse ano, os aumentos de preços gerados por oferta mais pressionada ficaram ainda mais fortes ao longo de 2008, na construção civil.

Esse cenário afeta tanto os preços de materiais quanto de mão-de-obra, na construção. A demanda maior do que a oferta na construção também foi sentida em segmentos específicos dentro do atacado. De acordo com Quadros, os preços de bens intermediários no setor atacadista passaram por aceleração de preços (de 1,85% para 2,48%) influenciados, principalmente, por inflação mais forte nos preços de materiais para construção (de 0,79% para 3,88%).

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