segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Construção cresce o dobro da indústria

A produção de insumos para a construção cresce a um ritmo quase duas vezes maior do que a indústria nacional. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a indústria teve incremento total de 6,6% em junho, em relação ao mesmo mês de 2007, a produção de insumos para construção, que inclui diversos segmentos (do cimento à metalurgia), cresceu quase o dobro: 12,4%. Somente no primeiro semestre de 2008, o aumento foi de 9,9%, ante a expansão de 5,1% no acumulado de 2007.

O economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, afirma que a expansão do setor imobiliário tem impulsionado as diversas ramificações envolvidas no segmento, inclusive integrando e sendo responsável pelo próprio crescimento da indústria. O aquecimento impulsionado pelo aumento da massa salarial e a ampliação dos prazos e das ofertas de financiamento imobiliário (com juros mais baixos e a elevação de 24,6% do crédito direcionado para a habitação) tem efeitos importantes em setores como metalurgia, produtos químicos, minerais não metálicos, borracha e plástico, que têm registrado maior expressividade no crescimento, como destaca o economista.

“A produção de minerais não metálicos (cujo maior peso é o cimento) aumentou 7,80% no primeiro semestre, enquanto a de borracha e plástico (fornecedora de tubos e canos) registrou alta de 8,95% e a de metalurgia básica (metais para construção) subiu 7,56%. A produção de outros produtos químicos (cujos itens voltados para construção são tintas e vernizes) registrou aumento de 5,36% no período”, afirma.

A Lafarge, líder mundial em materiais de construção, com produção de cimento, concreto, agregados e gesso, 90 mil empregados em 76 países e 1,4 mil no Brasil, realiza, desde 2007, ações de expansão produtiva nas unidades em Minas Gerais, que compreende o aumento total de 19% da capacidade. A empresa fabrica cimento em Arcos, Matozinhos, Montes Claros e Santa Luzia, das marcas Mauá, Campeão e Montes Claros.

Em Santa Luzia, na Grande BH, o investimento em duas novas linhas de expedição permitiu o aumento de 45% na capacidade de produção, e a reativação do segundo moinho em Arcos, no Sul de Minas, representou uma oferta adicional de 180 mil toneladas por ano. Em Montes Claros, no Norte, a Lafarge investiu no aumento da performance industrial e da capacidade de expedição em 40%, e também na implantação de novas tecnologias e equipamentos na fábrica de Matozinhos, na Região Central do estado.

O volume da produção passou de 2,8 milhões para 3,2 milhões de toneladas de cimento em 2007, e a expectativa para 2008 é de produzir 300 mil toneladas a mais. “No início do ano estimamos que o mercado cresceria 10%. Nós estamos prevendo crescer 12%, chegando ao final de 2008 com 3,5 milhões de toneladas vendidas. Para 2009, acreditamos que o mercado crescerá outros 10% e continuaremos investindo no aumento de nossa capacidade para garantir participação de mercado”, afirma o diretor comercial, de marketing e logística, Rogério Silva.

Em Belo Horizonte, o proprietário da Piloto Materiais de Construção, Denis Xavier Cunha, observou um aumento de 10% nas vendas de cimento, areia, tijolo, ferro, tinta, tubos e conexões, metais sanitários e louças, o que atribui ao crédito facilitado que tem favorecido também as pequenas reformas. “Se os preços do aço e do cimento não tivessem tido reajuste de quase o dobro, tanto para compra com fornecedor, como para o consumidor final, esse aumento certamente seria bem maior, em torno de 20%.”

Um dado curioso do setor da construção, da Editora Lithos, organizadora do Ranking da Engenharia – 500 Grandes da Construção, que será realizado em São Paulo na terça-feira, é bem ilustrativo dessa expansão. Incluindo segmentos do mercado como infra-estrutura (portos, estradas, obras públicas), produção de insumos, construção imobiliária e comércio, a construção civil no Brasil atingiu a marca simbólica da população da Dinamarca em número de empregos diretos gerados. São 5,4 milhões de trabalhadores, que correspondem a 9,06% da população economicamente ativa no país.

Nenhum comentário: