sexta-feira, 19 de setembro de 2008

TI do grupo Leroy Merlin

“Todas as pessoas da equipe são comerciantes”. A frase, dita logo no início da entrevista, sintetiza a forma como Anderson Cunha, diretor de TI do grupo Leroy Merlin, enxerga a tecnologia no dia-a-dia do grupo, que atua no mercado de material de construção. Confira os outros vencedores do IT Leaders 2008.

Com 17 funcionários e 40 prestadores de serviço, a equipe de TI da Leroy Merlin é norteada pela filosofia do executivo, que espera que seus colaboradores desenvolvam um raciocínio de comerciantes. “Quando você pensa assim, se está fazendo um grande processo de data center e alguém liga e diz que está com três caixas parados, você pára o que está fazendo e vai verificar a causa-raiz”, pondera.

Na análise de Cunha, pensar como no comércio significa procurar comprar bem, armazenar bem e vender bem. “Pensando assim, você vai buscar o atendimento e a causa da causa. Cria-se outra abordagem no tratamento do dia-a-dia e na escolha dos projetos”, defende o diretor de TI.

Seguindo a mesma filosofia, sob a liderança de Cunha, no último ano a Leroy Merlin modernizou a infra-estrutura de caixas de pagamento instalados nas 15 lojas da rede em todo o Brasil, com a substituição do sistema anteriormente utilizado. Também merece destaque a implantação de um novo sistema que permite monitorar, em tempo real, o pedido do cliente. Com isso, é possível identificar quais pedidos estão sujeitos a atraso e solucionar o problema antes mesmo que ele aconteça.

A ferramenta criou novas responsabilidades para a equipe da rede de material de construção. “Ele olha e sabe que o fornecedor está com dificuldade para cumprir o prazo e age antes de haver o problema. Antes, o processo era super reativo”, explica. A taxa de entrega de produtos na data correta está na casa de 90%, estima o diretor de TI.

Para o executivo, o maior valor percebido pelas lojas com o novo sistema foi a possibilidade de identificar e solucionar os problemas antes que eles chegassem até os clientes. “Com a demanda mais alta, o problema acontece para todo mundo, porque o fornecedor entrega para todo mundo e todo mundo quer comprar e rápido”, analisa.

Outro destaque é a conclusão da montagem do data center da Leroy Merlin, cuja capacidade, segundo o executivo, é de 40 mil/tpmC (transações por minuto), dividida em dois clusters, além de um terceiro de reserva. O centro é atendido por dois firewalls.

A montagem do data center, que funciona no Centro de Tecnologia da IBM, em Hortolândia, São Paulo, começou há quatro anos, partindo da centralização de sistemas, que funcionavam espalhados em um servidor em cada loja da rede. Hoje, cada unidade tem dois links de comunicação redundantes e o centro de distribuição da empresa conta com dois servidores RISC e um sistema de back up com Oracle Rack.

A infra-estrutura tem um ano e meio e o diretor de TI da Leroy Merlin prevê que ainda este ano a capacidade do data center será expandida, para suportar o avanço da rede nos próximos três anos. Cunha não revela a previsão de crescimento, mas ainda este ano serão abertas três novas lojas da rede no País. “A infra-estrutura não pode esperar a loja abrir para ser implantada”, ressalta.

Dos 3 mil funcionários da Leroy Merlin no Brasil, 70% são usuários diretos de recursos de TI. O investimento da empresa em tecnologia da informação ultrapassa os 2% do faturamento bruto da companhia, número que a rede não divulga.

PMO
O maior desafio de Cunha foi montar o Project Management Office (PMO), ou escritório de gerenciamento de projetos, pois a iniciativa exigiu o envolvimento de diversas áreas da Leroy Merlin. A criação do PMO levou mais de um ano, por exigir o alinhamento de diversas áreas e hoje o escritório tem 80 projetos. “O papel da TI como pessoa de negócio entra muito forte nessa hora, porque tenho que ter convicção na hora de discutir com o comitê”, afirma.

O executivo participa do comitê estratégico da Leroy Merlin e se reporta diretamente ao presidente do grupo no Brasil. A companhia optou por terceirizar toda tarefa que não tem relação direta com o conhecimento de varejo. Mas a equipe de Cunha conta com um líder de TI para cada grupo de funções, como produção, PMO, organização de processos e desenvolvimento.

Ao longo da conversa, Cunha mostrou que gestão de TI significa pró-atividade, para garantir clientes satisfeitos e caixas registradoras funcionando a todo o vapor. “A forma de pensar como comerciantes faz com que a minha equipe esteja nas lojas e a capacidade de ouvir as pessoas faz com que a gente deixe a posição de apagar incêndio e vá para uma posição pró-ativa”, comemora. “E com isso você passa a participar dos processos e da construção da empresa quando as idéias estão nascendo”, finaliza.
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