quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Crise afeta vendas de materiais de construção


O comércio de materiais de construção já está sentindo os reflexos da crise financeira internacional. Segundo o presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção de Curitiba (Acomac Curitiba), Rogério Martini, as vendas caíram cerca de 30% nos últimos dez a quinze dias. O motivo é o aumento da exigência na hora de conceder crédito, principalmente para as classes C, D e E.

“Antes, sobrava crédito. Os bancos e as financeiras procuravam as lojas e as entidades de classe oferecendo dinheiro, dia e noite, para repassar às classes mais baixas. Com a ‘convulsão’ mundial de crédito, eles desapareceram”, apontou Martini.

Desde que a crise financeira atingiu o estopim, há pouco mais de duas semanas, tanto os bancos como as financeiras se tornaram mais exigentes e rigorosos na hora de conceder o crédito.Os mais afetados, lembrou Martini, foram as pessoas de classe mais baixa, que não trabalham com carteira assinada e têm mais dificuldade de comprovar renda.

“Era comum ver as famílias se cotizarem e efetuarem compra de R$ 2,5 mil, R$ 3 mil, com pagamento em 12, 24 ou 36 vezes. Isso já não é mais possível”, comentou. Segundo Martini, as classes C, D e E representam entre 15% e 20% das vendas do setor. Para elas, o valor médio de compras é de R$ 800 a R$ 1 mil, divididos em 12 parcelas de, aproximadamente, R$ 150,00.

“Não há mágica para atrair esse povo. A maioria das empresas do setor (95%) são de pequeno e médio porte e não são capitalizadas o bastante para ter linha própria de crédito”, explicou Martini.

A crise financeira também mexeu com as projeções de crescimento do setor da construção - para este ano, a estimativa era crescer 10%; o índice foi revisto para 8%. “A cadeia produtiva da construção civil estava num ritmo muito bom”, lembrou.

Preços

A boa notícia é que a redução do ritmo do setor pode levar à redução dos preços de alguns insumos como tijolos e areia, que ficaram cerca de 30% mais caros este ano.

“A procura era bem maior que a oferta”, apontou. No caso do tijolo, era comum ver construtoras aguardando até 20 dias para receber o produto das olarias. No comércio varejista, o tempo de espera era menor, cerca de uma semana.

Por outro lado, se o dólar se estabilizar no patamar de R$ 2,10 (valor fechado ontem) ou subir ainda mais, insumos que utilizam material importado devem pesar no orçamento na hora de construir ou reformar - é o caso de materiais de PVC, como tubos e conexões, além de tintas, que têm como componente o titânio.

“Algumas indústrias acenaram que haveria aumento, mas até agora não houve. Todos estão esperando o que vai acontecer.” No Paraná, há cerca de 5 mil lojas de materiais de construção, que empregam aproximadamente 60 mil pessoas.

Feira

Acontece de hoje até sábado a Expocon 2008 - 11.ª Feira de Fornecedores da Construção Civil, no Expotrade, em Pinhais. A feira apresenta as principais novidades em produtos e serviços de 150 indústrias brasileiras.

O evento é voltado para profissionais da construção civil, mas é aberto também para o público interessado em construção ou reforma. Informações: (41) 3075-1100 ou www.diretriz.com.br.

Nenhum comentário: