quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Setor continua aquecido no Sul do País

O ritmo da construção civil em cidades do interior de Santa Catarina vai continuar acelerado pelo menos até o final deste ano, apesar da crise financeira do mercado internacional. Os reflexos da turbulência econômica só serão sentidos a partir de 2009, diz Mauro Lunardi, presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Artefatos de Concreto Armado do Oeste Catarinense. Segundo ele, nenhuma empresa do setor sinalizou com paralisação dos projetos. Em 2008, com base nos alvarás de licença expedidos pela prefeitura de Chapecó, o crescimento do setor será de 38%, mais do que o triplo do projetado pelo segmento da construção no Brasil, de 12%. Para 2009, prevê queda no número alvarás, em função do grande número de lançamentos registrados até agora.

Em Joinville, no norte catarinense, os empresários estão apreensivos com a crise e temem a alta de juros dos financiamentos imobiliários. Os prédios já planejados seguem seus cronogramas, diz Luís Carlos Presente, vice-presidente da área de Incorporação do Sindicato da Indústria da Construção de Joinville. Ele diz que a expectativa até o final deste ano é de aquecimento e não acredita em mudanças nas linhas de crédito ofertadas pela Caixa Econômica Federal.Presente, dono da Incorposul Empreendimentos e Participações, diz que, por outro lado, os bancos privados já sinalizaram com altas de juros. A Incorposul está construindo três edifícios na região central de Joinville, com apartamentos de 2 mil m a 11 mil m. Neste ano vai faturar R$ 7 milhões, 20% a mais do que em 2007 e já planeja o lançamento de outro edifício. Ele afirma que a sua empresa oferece financiamento próprio e que não estuda alta de juros.

O empresário afirma que muitas construtoras de fora, principalmente de São Paulo e do Paraná, se instalaram em Joinville e o setor passou a enfrentar uma grande escassez de mão-de-obra. O município vive um "boom" de novas empresas e a expansão de investimentos liderado pela General Motors, que instala uma fábrica de motores.

Em Balneário Camboriú, Carlos Julio Haacke, presidente do Sinduscon, diz que uma pequena retração na velocidade das obras, que vêm crescendo a uma média de 20% ao ano nos últimos quatro anos, poderá ser benéfica ao sério problema de fornecimento de materiais. Proprietário da Haacke Construtora, ele afirma que há uma grande dificuldade em obter aço e cimento.

Chapecó, cidade pólo de grandes agroindústrias brasileiras, como a Sadia e a Coopercentral Aurora, registra uma média de 26 novos registros por semana de empreendimentos ativos, conforme dados da Prefeitura Municipal. Até julho deste ano foram liberados para uso 435 imóveis, sendo 389 residenciais, 30 comerciais e 16 para outros fins, ultrapassando 85 mil metros quadrados de área construída.

Outros dados que comprovam a expansão do setor da construção civil em Chapecó referem-se ao número de alvarás de licença concedido pela Prefeitura Municipal até julho deste ano. No total foram 787, sendo 578 para construções residenciais, 118 para comerciais e 91 registrados como outros. O total em área construída chega a 262,2 mil metros quadrados.

Esses dados contribuíram, também, para a geração de empregos na construção civil em Chapecó, que cresceu 12,63%. Esse índice é obtido a partir da evolução na geração de novos postos de trabalho nos cinco principais setores da atividade produtiva, e em Chapecó a construção civil foi a que mais contribuiu, com aumento de 27,04%.

Balneário Camboriú, um dos principais destinos turísticos do Sul do Brasil e do Mercosul, possui o maior volume de obras do Brasil, garante Carlos Julio Haacke, presidente do Sinduscon. Segundo ele, a cidade tem apenas 10 quilômetros quadrados e entrega 60 edifícios por ano, uma média de 1.300 apartamentos a cada 12 meses. Isto porque, a cidade, de 120 mil moradores fixos, recebe quase um milhão de turistas na alta temporada.

Mas não é só a praia e as belezas naturais que atraem turistas e investidores. Por toda a orla se estende uma excelente infra-estrutura hoteleira, bares e restaurantes com música ao vivo, que oferecem culinária variada. As compras são um dos atrativos da cidade, que recebe visitantes de alto poder aquisitivo o ano inteiro e o município possui ainda bons hospitais, clínicas médicas, supermercados e segurança. Os turistas nacionais vêm do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul e os estrangeiros da Argentina, Paraguai e Chile.

Haacke afirma que há vários projetos que ainda não saíram do papel desde 2005 e muitos com obras iniciadas. "Hoje, em construção, estão 170 edifícios com entregas programadas entre 2008 e 2011, o que representa 1,3 milhão de metros quadrados", diz. Os atrativos têm seu preço, que sobe de 20% a 30% ao ano. "Além da valorização natural, há uma escassez de terrenos e uma procura muito grande", afirma o empresário. Um apartamento de frente para o mar de altíssimo padrão custa R$ 5 milhões e um imóvel popular de dois quartos, distante da praia não sai por menos de R$ 300 mil.

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