segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Construção civil tem vagas de sobra

A construção civil na região de Campinas começou a sentir as dores do crescimento. A aceleração e a forte demanda provocam hoje a falta de mão-de-obra, tanto no nível qualificado de engenharia quanto nas funções mais básicas da obra. O mercado de imóveis, que na média nacional responde por 25% da construção civil, cresceu 28% no primeiro semestre na região, em relação ao mesmo período do ano passado. Por enquanto, dizem as construtoras, as previsões de entrega não estão comprometidas, mas a situação reflete a falta de previsão antecipada para o boom do setor, que em 2006 cresceu 36% em ofertas habitacionais. A promessa de mais crescimento em 2008 e 2009, portanto, exige medidas preventivas. "Ficamos muito tempo com o mercado reprimido, por isso não se preparou gente suficiente para o ramo", afirma Rogério Nasralla, sócio-proprietário da Construtora GNO. Segundo ele, entre os engenheiros o que há no mercado são profissionais mais velhos ou jovens sem experiência. "A faixa etária mediana viveu um momento ruim e adquiriu pouca experiência. Muitos saíram do setor", explica o empresário, que recebe currículos com muita freqüência, mas não consegue preencher seus quadros satisfatoriamente.A mão-de-obra básica também não está fácil. "Muita gente partiu para empregos melhores, ficaram voláteis, mas alguns já estão voltando", descreve Nasralla. Segundo ele, a GNO tem hoje 12 canteiros de obras na região e emprega 800 trabalhadores (300 diretos e 500 indiretos). Em 2006, eram oito obras e todas de tamanho menor."Crescemos 50% este ano e as obras são maiores. Por conta disso, existe hoje essa realidade, precisamos de mais gente. Só não está pior porque as obras industriais e de infra-estrutura ainda não recomeçaram. Se eles aquecerem, vai ficar complicado", prevê. Se o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) implementar os investimentos previstos (cerca de R$ 500 bilhões), a preocupação de Nasralla pode se confirmar. Segundo o presidente da Habicamp, Francisco de Oliveira Lima Filho, a falta de mão-de-obra básica também preocupa a entidade, que fará parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para oferecer cursos de formação de pedreiros e outras funções do setor. "O ramo da construção civil estava parado por uma década. Por isso, não houve reciclagem. Antes, o peão de obra crescia, começava no básico e fazia um ciclo de especialização. Mas esse giro parou com a estagnação da construção", explica Lima Filho. O presidente afirma que é preciso evitar uma "bolha" nesse momento de forte expansão do setor. "Esse crescimento tem de ser muito consciente. O empreendedor deve ter sabedoria, porque não adianta aumentar custos para criar o risco de uma nova estagnação", alerta.
Fonte: Adriana Menezes / Agência Anhangüera (28/10/2007)

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