sábado, 27 de outubro de 2007

Tendência: Grupo de amigos compram terreno e contratem uma construtora só para administrar o negócio


Prédios baixos, de dois a quatro andares. Esta é a tendência num dos bairros mais novos de Ribeirão Preto: o Jardim Botânico. No entorno do Parque Luiz Carlos Raya, as construções com poucos pavimentos e apartamentos com preços acessíveis, voltados à classe média, ganham, a cada dia, mais espaço. Os lotes, cujas áreas variam de 270 a 400 metros quadrados, em média, não permitem edifícios tão altos. E mesmo nos locais onde é possível erguer estruturas de até 12 andares, os "nanicos" são os preferidos, tanto pelas construtoras quanto pelos investidores e moradores que adotaram a região como plano de vida. Há cerca de cinco anos, o Jardim Botânico ainda era um vazio urbano. A construção do Parque Luiz Carlos Raya, a facilidade de acesso às avenidas Portugal e João Fiúza e a proximidade a complexos de lazer, como os shoppings Novo e Ribeirão, tornaram o lugar atraente. O bairro possui cerca de 600 lotes para a construção de prédios, fora as áreas destinadas a casas e estabelecimentos comerciais. Quem passa por lá, nota, facilmente, que a grande maioria dos empreendimentos tem poucos andares. No início da semana, a reportagem identificou pelo menos 13 prédios em fase de acabamento, 10 deles de dois a quatro andares, feitos por pequenas construtoras. "Enquanto as grandes estão na região da Fiúza, as pequenas estão nos bairros como o Jardim Botânico, trabalhando como uma faixa de mercado com poder aquisitivo não muito alto, mas que também está buscando qualidade de vida", afirma o diretor da Eximius Engenharia, Francisco Carlos Fagionato. A Eximius já tem um prédio pronto no Jardim Botânico e mais dois em obras. A modalidade mais utilizada no Botânico é a construção cooperada. Por este sistema, um grupo de amigos se reúne, compra um terreno, divide as despesas da obra e paga uma construtora só para administrar o negócio. Com o empreendimento concluído, cada investidor recebe a quantidade de apartamentos correspondente ao valor aplicado. A vantagem, para o comprador, é que o imóvel é adquirido praticamente a preço de custo. "A grande maioria dos prédios do Jardim Botânico é feita dessa forma. Para a construtora, o lucro é menor do que se fosse vender um apartamento pronto. Mas a vantagem da construção cooperada é que não preciso dispor de dinheiro para fazer a obra, já que os compradores vão pagando por mês. São eles que bancam a construção", declara Carlos Eduardo Canheo, diretor da construtora que leva seu sobrenome. De acordo com o CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), este sistema cresceu pelo menos 10% em Ribeirão Preto nos últimos cinco anos. Outras autoridades ligadas ao assunto dizem, porém, que o índice pode ter ultrapassado os 50%. Além do Botânico, o Jardim Nova Aliança concentra uma série de prédios construídos dessa maneira. Para Wagner Terra, que tem uma empresa de consultoria imobiliária, a tendência é que, dentro de cinco anos, o Jardim Botânico esteja todo ocupado. "O bairro é bem localizado e de fácil acesso. Em pouco tempo, estará irreconhecível".

Geralmente, os prédios construídos no Jardim Botânico têm quatro apartamentos por andar. A média de preço é de R$ 70 mil para os de um dormitório e a partir de R$ 100 mil para os de dois e três quartos. Segundo os donos de construtoras ouvidos pela reportagem, 80% dos imóveis da região estão nas mãos de investidores. O perfil dos moradores é variado, com predominância de estudantes e recém-casados. "Hoje em dia, o jovem adquire a estabilidade e quer sair da casa dos pais. Aqueles que moravam em repúblicas e acabaram de se formar querem ter privacidade e morar sozinhos", diz. "Essa realidade mudou radicalmente nos últimos anos. Antes, uma pessoa comprava um apartamento depois que completava os 40 anos". Terra afirma, ainda, que a região do Jardim Botânico tem se valorizado a cada ano e, conseqüentemente, atrai um número cada vez maior de interessados. "Quem compra um imóvel lá sabe que a valorização é certa, como em toda Zona Sul". Ele acredita que, apesar da tendência das construtoras em lançar prédios baixos, o número de edifícios altos também vai aumentar. "O mercado está pedindo imóveis com um padrão mais alto". A própria Canheo já é exemplo. Prepara o lançamento do Edifício Manacá, com sete andares, três suítes por apartamento e duas vagas na garagem. Outro prédio da construtora, em fase de projeto, terá 10 andares. A velocidade com que surgem os prédios no Jardim Botânico é resultado do aquecimento do mercado imobiliário, segundo Fagionato, da Eximius.
Fonte: IGOR SAVENHAGO Gazeta de Ribeirao

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