segunda-feira, 30 de junho de 2008

Construção puxa IGP-M de 1,98%

A inflação deu um novo salto neste mês, impulsionada agora pela disparada dos preços da mão-de-obra e dos materiais usados na construção civil, além da persistência da forte pressão de alta das cotações dos alimentos tanto no atacado quanto no varejo.

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atingiu em junho 1,98%, ante elevação de 1,61% em maio e de 0,26% em junho de 2007. Foi a maior marca mensal do indicador em cinco anos, desde fevereiro de 2003, quando havia subido 2,28%, segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.

Em 12 meses até junho, o IGP-M acumula alta de 13,44%, o maior aumento desde outubro de 2003, que havia sido de 17,34%. A disparada do IGP-M, tanto no mês como no acumulado em 12 meses, é significativa porque esse é o índice mais usado para reajustar vários contratos do setor privado, entre os quais estão os aluguéis e TV por assinatura, por exemplo. É também parâmetro para aumentos de tarifas públicas, entre as quais estão pedágio e energia elétrica. Neste último caso, o IGP-M entra como uma das variáveis.

“O IGP-M acumulado em 12 meses vai continuar subindo no segundo semestre deste ano por questões aritméticas”, afirma Quadros, que arrisca prever uma faixa de variação entre 13% e 15%. Ele observa que o índice mensal mudou de nível. Isso significa que os próximos resultados mensais que vão compor a taxa acumulada em 12 meses daqui para frente serão maiores do que os registrados nos mesmos meses do ano passado. “Em 2007, não se via um IGP-M mensal acima de 0,5%: a média oscilava entre 0,35% e 0,40%. Hoje, a média está acima de 1%.”

Quadros diz que o cenário para os índices mensais não está claro. Ele pondera que o IGP-M é muito sensível aos preços dos produtos primários, por causa da forte presença do Índice de Preços por Atacado (IPA), que pesa 60% no índice. “A tendência é de que as taxas mensais sejam menores por uma questão de resposta da oferta à demanda. Por isso, os preços das commodities devem subir menos, mas isso não significa que vão ficar estáveis.”

Os três componentes do IGP-M, o IPA, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) subiram de maio para junho. Além das pressões habituais do IPA, que atingiu 2,27%, a maior variação desde dezembro de 2007 (2,36%), o grande destaque foi o INCC. O indicador aumentou 2,67% em junho ante 1,10% em maio e atingiu a maior variação desde maio de 2003 (2,98%).

Com participação de apenas um sexto na formação do IGP, o INCC teve contribuição equivalente ao IPA para a aceleração do índice. Quadros diz que combinação de alta dos preços da mão-de-obra (3,75%) com os materiais e serviços (1,73%) fez o indicador mais que dobrar no mês.

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