segunda-feira, 30 de junho de 2008

Edifício em São Paulo é o segundo no Brasil a receber certificação verde

O edifício projetado e construído pela RMA Engenharia Integrada é o segundo prédio do Brasil a receber a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), fornecido pelo U.S Green Building Council (USGBC) - um atestado de que foi construído de acordo com regras socioambientais. No local, está instalada uma unidade dos Laboratórios Delboni Auriemo. O prédio, localizado na Avenida General Ataliba Leonel, 1.953, no bairro de Santana, Zona Norte da capital, teve 33 pontos de qualificação e conquistou o certificado na categoria Silver. “O projeto foi criado para ser sustentável desde a fundação até a sua utilização. Desta maneira, é importante ressaltar o trabalho que deverá ser feito daqui para frente, mantendo, com o serviço de manutenção, as características de construção consciente”, afirma Renato Auriemo, diretor operacional da RMA.

Segundo o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), o segmento da construção civil é responsável pelo consumo de 75% dos recursos naturais extraídos no mundo, de 20% de toda a água usada nas cidades e por cerca de 50% da energia elétrica. Sem contar a geração de 80 milhões de toneladas/ano de resíduos e a liberação de gases do efeito estufa. Esse cenário, somado à crescente visibilidade do tema aquecimento global, faz com que o termo sustentabilidade ganhe espaço no planejamento estratégico das empresas do segmento.

Mas o movimento ainda é incipiente. “No Brasil, ações mais articuladas começaram há cerca de três anos. Antes, o que víamos eram soluções muito pontuais”, afirma o engenheiro Roberto de Souza, presidente do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), que presta consultoria a companhias com a intenção de se tornarem “verdes”. “A mudança nas empresas só vai acontecer quando o consumidor exigir que algo seja feito”, diz Newton Figueiredo, presidente da consultoria SustentaX.

Para atestar que um empreendimento adota práticas sustentáveis, ou seja, respeita itens como eficiência energética e uso de materiais de menor impacto, centenas de modelos de certificação foram criados no mundo. Um dos mais conceituados é a da entidade norte-americana USGBC, feita de acordo com as normas do LEED. Desde 2004, a organização está presente no Brasil por meio do Green Building Council do Brasil (GBC), que hoje conta com 51 projetos em processo de certificação.

A recente criação de outro selo verde no país é mais um indício de que o setor está olhando para o tema. Inspirado no certificado francês HQE, o AQUA (Alta Qualidade Ambiental) foi desenvolvido pelos professores da Escola Politécnica e é emitido pela Fundação Vanzolini. “O mercado imobiliário vive um momento rico em oportunidades para as empresas que queiram se diferenciar e assumir práticas de sustentabilidade”, diz Roberto de Souza. “Trata-se de uma questão de decisão empresarial que, se conduzida com rigor e credibilidade, resulta em ganhos para os acionistas, clientes, colaboradores e, em especial, para as gerações futuras.”

O que é um edifício verde?

Veja os itens que um prédio tem de atender para ser considerado sustentável:

1) Escolha do terreno: convém respeitar possíveis áreas de preservação ambiental, criar condições para a manutenção da vida da biodiversidade local, recuperar áreas degradadas e compensar os passivos ambientais.

2) Uso racional da água: aqui, é preciso observar tanto o processo de construção quanto o produto final. Entram itens como economia de água no canteiro de obras (projetos de reuso e captação pluvial), construção de estações de tratamento de esgotos e tecnologias para racionalizar o consumo durante a vida útil do prédio (temporizadores nas torneiras e válvulas da descarga com dois fluxos, para líquidos e sólidos).

3) Uso racional de energia e emissões atmosféricas: contempla racionalização de ar-condicionado e iluminação, adoção de equipamentos de alto desempenho energético, medição individualizada, uso de energias renovável, eólica e solar.

4) Consumo de materiais e geração de resíduos: preferir tintas que não emitam compostos orgânicos voláteis e materiais com componentes reciclados. Usar madeira certificada e verificar se os fornecedores têm práticas de responsabilidade social. Além disso, reaproveitar os resíduos da obra e orientar os moradores a reciclarem o lixo.

5) Responsabilidade social no canteiro: ações de inclusão social, educação ambiental e programas de capacitação.

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