quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Crise já atinge o setor imobiliário no Brasil

A crise financeira desencadeada pelas hipotecas de alto risco (subprime) nos Estados Unidos já atinge o mercado imobiliário brasileiro. Segundo a corretora Fator, os bancos estão sendo mais criteriosos na liberação de financiamentos, e o reflexo já pode ser sentido nas vendas de imóveis em setembro.

Apesar disso, as construtoras e incorporadoras mantêm suas projeções de lançamentos para 2008 e dizem que ainda não perceberam redução de demanda. Mas admitem que a velocidade de vendas no terceiro trimestre deve ser inferior a do segundo trimestre.

A indústria da construção no Brasil mostrou-se sensível à crise financeira nas últimas semanas, quando duas operações modificaram o panorama do setor. Após terem sua ações desvalorizadas em mais de 65% em agosto, a Tenda decidiu vender 60% de seu capital à Gafisa. As dificuldades em levantar recursos para colocar projetos em prática obrigaram a construtora a negociar com a concorrente. Apenas uma semana depois foi a vez da Company se unir à Brascan.

O movimento de fusões e aquisições, entretanto, não é sinônimo de alto risco de falência no setor, avalia a Fator. Segundo a corretora, as empresas têm três caminhos para se capitalizarem: a primeira delas é pela diminuição de lançamentos, que reduz a necessidade de financiamento. A segunda é pela venda de terrenos e outros ativos, e a terceira é pelo aumento de capital por novos parceiros. “As outras duas alternativas (1) aumento de dívida e (2) oferta secundária de ações são muito difíceis neste momento”, destaca a corretora em relatório.

Mesmo com o cenário adverso, a Fator se mostra confiante no futuro de três empresas: PDG Realt, Rossi e Rodobens. Para as ações da PDG (PDGR3), a corretora estima valorização de 142,7% até dezembro de 2009, projetando preço-alvo de 27,96 reais. A empresa conseguiu levantar 3 bilhões de reais para financiar suas operações, o que deve auxiliar a empresa lidar com a queda na velocidade de suas vendas.

A Rodobens também não deve ter problemas com caixa para financiar seus projetos até o primeiro semestre do ano que vem. Com isso, a Fator estima uma alta de 113,2% para os papéis da empresa (RDNI3), chegando a dezembro de 2009 cotados a 27,71 reais.

Já a Rossi dispõe de uma linha de crédito pré-aprovada a um custo equivalente ao CDI acrescido 2% a 2,5%. Pelos cálculos da Fator, a empresa deve conseguir cumprir suas metas de lançamentos em 2008 e suas ações (RSID3) têm potencial para subir 194,8% até o final do ano que vem, chegando a 15,36 reais.

A Cyrela também conta com um crédito pré-aprovado no valor de 500 milhões de reais e a um custo inferior ao da Rossi – CDI mais 0,8%. Além disso, a construtora pretende securitizar 250 milhões de reais dos 556 milhões de reais em créditos que tem a receber. Por isso, a Fator recomenda ao investidor manter as ações da companhia (CYRE3) em carteira. A expectativa é de alta de 50,8% nos papéis, que chegaria a dezembro de 2009 cotados a 27,45 reais.

Mesmo para aqueles que investiram na Inpar e viram seu dinheiro evaporar com a queda de 94% nas ações (INPR3) neste ano – a maior dentre as empresas do setor – a corretora recomenda cautela para manter os papéis em carteira. Pelas suas previsões, as ações podem subir a 6,85 reais até dezembro de 2009, o que significa uma alta de 506,2%. A incorporadora anunciou um plano para melhorar seu caixa, que inclui redução nas metas de lançamentos, venda de 200 milhões de reais em ativos, parcerias de longa duração e foco na venda de unidades que representam 1,5 bilhão de reais.

Já para a MRV, a expectativa é de desempenho abaixo da média do mercado. A margem lucro deve ficar no mínimo previsto, levando a Fator a estimar preço-alvo de 32,07 reais para os papéis (MRVE3), o que representa uma alta de 88,5% até o final do próximo ano.

A corretora não se posicionou quanto às ações de Lopes (LPSB3), Abyara (ABYA3) e Ezetec (EZTC3), mas destacou que a Lopes está desenvolvendo um estudo para identificar possíveis clientes. A Abyara, por sua vez, deve reduzir novamente suas metas para 2008.
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