segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Construção aquece vendas dos fabricantes

Com empreendimentos residenciais lançados diariamente por todo o País, o boom da construção civil traz a reboque forte aumento na demanda dos fornecedores. Isto pode ser verificado na siderurgia, por exemplo. As exportações de produtos laminados deverão ser reduzidas, em 2008, de 5,2 milhões para 3,6 milhões de toneladas, a fim de atender ao aumento da demanda interna, informa o Instituto Brasileiro de Siderrgia (IBS). As importações, por sua vez, devem passar de 1,6 milhão para 1,8 milhão de toneladas, por conta da maior necessidade de produtos sem oferta nacional ou com interrupção de abastecimento por questões de programação. Este é apenas um exemplo da reação do mercado fornecedor ao aquecimento da construção civil.

Se o consumo de materiais utilizados na construção dos empreendimentos está alto, o mesmo ciclo se repete nos acessórios instalados na fase de acabamento das obras. Nos últimos 12 meses, a Tramontina teve um crescimento de 50% nas vendas de pias, vendendo toda a produção do período. Segundo a empresa, as perspectivas para os próximos meses são boas, devido à finalização dos vários projetos de construção iniciados em 2006 e 2007, quando o boom da construção civil foi iniciado.

Outro exemplo de crescimento nas vendas vem da metalúrgica Meber, de Bento Gonçalves. Fabricante de metais sanitários, como torneiras e duchas, a empresa registrou um aumento de 18,75% nas vendas para a construção civil no último ano. Nesse período, a produção média atingiu a marca de 90 mil peças por mês. "Temos a possibilidade de ampliar essa capacidade em 40% no caso de o panorama perdurar", afirma Carlos Bertuol, diretor da Meber. Segundo ele, o bom momento da construção civil também tem sido favorável à consolidação de parcerias para a comercialização de grandes remessas de produtos. "Nossos índices de crescimento são impulsionados por acordos firmados com empresas como os grupos Rossi e Accor Hospitality Brasil", explica Bertuol. Para atender à maior demanda, a empresa já trabalha no projeto de uma nova fábrica para 2009.

Para a Abramat, cenário atual acaba com 20 anos de estagnação
O setor da construção civil, que representava 5,5% do PIB nacional no ano passado, fechou o segundo trimestre de 2008 com um crescimento de 9,9% em comparação com o mesmo período de 2007. "Acreditamos que vamos fechar este ano com um crescimento de 20%", afirma Melvyn Fox, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat). Segundo Fox, as empresas fabricantes de materiais estão saindo de um ciclo de 20 anos de estagnação, que se iniciou em 1986 com a extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH). "A partir de 2006 tivemos medidas importantes para o desenvolvimento do setor, como a redução do IPI de mais de 40 produtos e o aumento de recursos para financiamentos na aquisição de imóveis," explica o presidente. Estas ações tiveram um reflexo imediato nos ganhos das empresas. Se, em 2005, o setor fechou o ano com uma queda de 2% no faturamento, nos 12 meses seguintes o crescimento chegou a 6,3%, e em 2007 subiu 15,5%. "Apenas em 2008, o acumulado do ano até julho já conta com 30,9% de aumento", afirma Fox.

Todos estes ganhos estão criando a necessidade de investimentos. Até 2006, a capacidade ociosa média de todos os setores da indústria de materiais de construção era de 30%. Hoje, graças à aplicação de recursos no aumento da capacidade de produção, esse índice chega a 15%, e poderá diminuir ainda mais. Mas o presidente alerta para a necessidade de planejamento dos clientes para que não haja problemas. "Não há falta de produtos, há condições de atender à demanda, mas é preciso realizar os pedidos com antecedência", explica.
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